segunda-feira, 10 de agosto de 2020

INTRODUÇÃO A ASTROFOTOGRAFIA AMADORA


Se você tem interesse em fotografia de paisagens, provavelmente já se deparou com aquelas fotos incríveis da via láctea rasgando o céu ou registros dos incríveis objetos de céu profundo, como nebulosas, galáxias e aglomerados estelares.

Dai você descobre muitas coisas, inclusive que para fazer boas astrofotografias é necessário aparato.

Se você tem uma DSLR , e uma simples lente 18-55 que é a quem vem quando você compra a  câmera,  e um tripé básico , você já pode se aventurar e pegar gosto.
Até alguns celulares hoje você consegue ter controle sobre tempo de exposição e ISO. Mas alguns apetrechos a mais ajudam muito.

Para os primeiros registros:

- Câmera DSLR, câmera qualquer ou  celular que tenha controle de ISO e controle de exposição e abertura ( Ahh e esqueça o modo automático da câmera , elimine ele da sua vida se tratando de astrofotografia)

- Cabo disparador ou função de intervalômetro na câmera ou ainda um cabo para conectar a câmera no PC, e então você usa um software para disparar;

- Ter noção dos 3 pilares da fotografia  ( Sensibilidade do ISO, Abertura do Diafragma e Velocidade do Obturador )

- Tripé minimamente robusto ( Tripé muito leve vai balançar com o vento );

- E o mais importante ... um céu limpo em um local com o mínimo de poluição luminosa possível. Se você mora em um centro urbano... vá para o mato. Somente com câmera e tripé em um centro urbano, a poluição da luz não vai deixar você fazer a sua astrofoto.

 

 

TEMPO DE EXPOSIÇÃO – ABERTURA DE DIAFRAGMA – ISO

Pense na sua câmera em conjunto com a sua lente como um olho humano.

Quando você abre seu olho, este receberá luz , certo ?  Pois é, e a quantidade de luz que será recebida vai depender de como suas pupilas vão estar trabalhando.

Quando você acorda no meio da noite no escuro, pouco você consegue enxergar, mas a medida que você fica naquele ambiente com luz mínima de olhos abertos, estes “se acostumam” e você mesmo no escuro, passa a “enxergar melhor”. As suas pupilas dilatam e então recebem mais luz. Nossos olhos se adaptam à luminosidade oferecida pelo ambiente, aumentando ou diminuindo a abertura da pupila para controlar o quanto de luz que passa.

Mal e porcamente explicado ,  essa é a ciência do negócio.

A câmera em conjunto com a lente , funciona igual:

1º - Tempo de exposição ou Velocidade do ObturadorTempo que os “olhos” ficam abertos.

Posso deixar “meus olhos” abertos por 5s , 15s , 30s ou até mesmo frações de segundos... você escolhe. A velocidade do obturador é importante, pois se eu deixar por muito tempo os meus “olhos abertos” será luz demais,  se deixar de menos , luz de menos e assim por diante.

2º - Abertura do DiafragmaO quanto “a sua pupila” fica aberta para receber a luz adequada ao ambiente.

Essa é uma característica da lente.
Cada lente terá uma abertura especifica, exemplo ,  f/3.5,  f/1.4, f/4 , f/22, f/16 e assim por diante. Quanto menor o “f” , mais clara a sua lente será ou estará, e consequentemente melhor para astrofotografia de campo amplo. Quanto maior o “f” , mais escura será a lente, ou seja “a pupila da lente” é muito fechada , o que vai impedir a boa entrada de luz. E precisamos que a "pupila" da nossa lente esteja bem aberta para passar mais luz e o sensor câmera registrar na astrofotografia. Essas informações de abertura estão impressas na lente.

3º - Sensibilidade do ISOEssa função os nossos olhos não tem, pelo menos não que possamos regular. 

É a sensibilidade do sensor da câmera para a luz recebida. Muita luz, exemplo um dia de sol, ideal é um ISO baixo. Pouca luz, por exemplo fotos a noite, ISO alto.

Mas dai vem o preço.... um ISO alto vai gerar um "ruído" enorme na foto. 

Mas e se você regular a câmera num ISO intermediário, e regular a “pupila” da lente para ficar bem aberta e receber toda a luz disponível, além de manter os "olhos abertos" por mais tempo ?

Pois é, essa história mal contada traduz a necessidade de dominar os 3 pilares da fotografia. Principalmente para a astrofotografia amadora.

Veja que para a foto sair apresentável, você tem que determinar o equilíbrio entre essas 3 regulagens. A boa notícia é que o modo automático da sua câmera faz tudo isso pra você , mas modo automático é inútil em astrofotografia. Então não tem como fugir, e o melhor modo de aprender é praticando pra pegar o jeito.

 

E DEPOIS ?

É colocar em prática o que você aprendeu acima. Mas antes .....

O FOCO

Esqueça o foco automático. Para astrofotografia você usará foco manual. Tire tempo para treinar o foco, pois se não acertar o foco, serão horas de sessão fotográfica frustradas. Dai você passa suas fotos para o computador para editar e quase morre do coração ao ver tudo fora de foco.

Para o foco, uma função aliada é o Live view da sua câmera. 

Aponte para a estrela mais brilhante no céu com o live view ativado, e dê o zoom digital da sua câmera. Bem lentamente ajuste o anel de foco de tal modo que a estrela fique o mais “ponteada” e nítida possível. Sem halos em volta. O negócio é ingrato as vezes, mas com paciência da certo. Após isso para garantir, faça uma foto de teste e passe para o computador ( caso tenha um notebook no local será de grande ajuda)  para garantir se está mesmo em foco.

 

AGORA SIM ....

Aponte a câmera para o centro da constelação de escorpião, ou para o cruzeiro do sul , com o foco em ponto de bala ... lente em 18mm ( caso seja uma 18-55)  , f.3.5 , ISO 3200, 30s de exposição ...... 

Dai você olha e vê a primeira vez o centro luminoso da nossa galáxia na tela da sua câmera... e nunca mais larga da astrofotografia amadora.

Mas nem tudo são flores.... vendo mais de perto na sua foto,  as suas estrelas ponteadas se tornaram rastros ... por que ??  Estamos em movimento .... o planeta gira do nosso referencial.

A astrofotografia com tripé fixo tem suas limitações. Limitações de tempo de exposição principalmente. Quanto mais tempo você deixa o seu obturador aberto, ele vai captar o movimento celeste.

Dependendo a localização do objeto fotografado no céu,  da distância focal da lente, o tempo de exposição com um tripé fixo vai ser limitada a poucos segundos.

 

É um universo grande ... principalmente o nosso , mas também o universo da astrofotografia. 

Desde o tipo mais simples mencionado acima....  tripé e câmera,  até aqueles com telescópios com uma montagem equatorial motorizada, filtros , guiagem e tudo mais.

O descrito acima foi somente para aguçar a curiosidade ou pra te entediar duma vez com isso de astrofotografia.

Seguem alguns registros feitos com tripé fixo.








Para mais informações úteis e aprendizado sobre astrofotografia mais a fundo:

https://andolfato.blogspot.com/

http://observatoriolupus.blogspot.com/

https://unidospelaastronomia.wordpress.com/